Normalmente silencioso e com o diagnóstico desconhecido por muitos pacientes, o Diabetes pode evoluir para complicações graves e levar ao óbito. Segundo dados da Federação Internacional de Diabetes, uma em cada 10 pessoas no mundo vive com a doença. No Brasil, o diabetes já atinge quase 17 milhões de pessoas entre 20 e 79 anos. Estudo publicado em 2022, pela revista científica “Lancet”, revelou que a população mundial terá, em 2050, 1,3 bilhão de diabéticos.
O diabetes se caracteriza pelo excesso de concentração de açúcar no sangue, por falha na produção ou na ação do hormônio insulina, produzido pelo pâncreas. A doença se divide em: diabetes tipo 1, ligado a falhas diretas das células do órgão produtor, e diabetes 2 ou Diabetes Mellitus, responsável por cerca de 90% dos casos. Inicialmente, o diabetes se manifesta por meio de sintomas leves, como o aumento da diurese, sede e fraqueza.
Com o tempo, aumentam-se os riscos. “O diabetes é a principal causa de doença renal crônica, com necessidade de hemodiálise, oferece riscos de doenças cardiovasculares, como infartos e Acidente Vascular Cerebral (AVC), e ainda é a causa de números significativos de cegueira e amputações”, alerta o Coordenador Regional do Laboratório Lustosa, João Campos.
O Laboratório Lustosa disponibiliza os exames necessários para o rastreamento e diagnóstico precoce do diabetes mellitus (DM), que é estabelecido pela identificação de hiperglicemia. “Para isto, podem ser usados a glicemia de jejum, o teste de tolerância oral à glicose (TOTG) e a hemoglobina glicada (A1c)”, comenta o especialista.
João Campos lista os principais fatores de risco para a doença, como sobrepeso e obesidade, idade avançada, histórico familiar, histórico de diabetes gestacional, apneia do sono, hipertensão arterial, alterações no colesterol e triglicérides, síndrome do ovário policístico, fatores dietéticos e estilo de vida. “Além disso, há fortes associações entre a prevalência de diabetes e fatores sociais como status socioeconômico, ambiente alimentar e físico”, acrescenta.
A adoção de um estilo de vida saudável, incluindo a prática de atividades físicas e alimentação saudável, é uma das medidas preventivas mais importantes.
Conheça, abaixo, um pouco mais sobre o diabetes:
O que é e quais os tipos de diabetes
Conforme a Sociedade Brasileira de Diabetes, o diabetes ocorre quando há uma produção insuficiente ou má absorção de insulina, provocando a elevação de glicose (açúcar) no sangue. São três os tipos mais conhecidos da doença: diabetes tipo 1 (DM1), diabetes tipo 2 (DM2) e diabetes gestacional (DMG).
Diabetes tipo 1
O diabetes tipo 1, segundo o Ministério da Saúde, é uma doença crônica, hereditária, que concentra entre 5% e 10% do total de diabéticos no Brasil. Nesses casos, o sistema imunológico ataca equivocadamente as células beta. Logo, pouca ou nenhuma insulina é liberada para o corpo. Como resultado, a glicose fica no sangue, em vez de ser usada como energia. O tipo 1 aparece geralmente na infância ou adolescência, mas pode ser diagnosticado em adultos também.
Diabetes tipo 2
O tipo 2 aparece quando o organismo não consegue usar adequadamente a insulina que produz; ou não produz insulina suficiente para controlar a taxa de glicemia. Cerca de 90% das pessoas com diabetes têm o tipo 2. Ele se manifesta mais frequentemente em adultos, mas crianças também podem apresentar.
Um agravamento do diabetes tipo 2 pode levar ao Diabetes Latente Autoimune do Adulto (LADA), que atinge basicamente os adultos. Caracteriza-se, basicamente, no desenvolvimento de um processo autoimune do organismo, que começa a atacar as células do pâncreas. (Ministério da Saúde).
Quais os principais fatores de risco para o diabetes
O diabetes tipo 2 está diretamente relacionado a uma série de fatores, como a obesidade, problema que já atinge 6, 7 milhões de pessoas no Brasil, segundo levantamento do Ministério da Saúde. “A obesidade é um dos principais fatores de risco para o controle da glicemia, pois o tecido gorduroso acentua a resistência à ação do hormônio insulina, que é o principal hormônio para utilização da glicose”, explica João Campos.
Outros fatores de risco
- Diagnóstico de pré-diabetes;
- Pressão alta;
- Colesterol alto ou alterações na taxa de triglicérides no sangue;
- Sobrepeso, principalmente se a gordura estiver concentrada em volta da cintura;
- Pais, irmãos ou parentes próximos com diabetes;
- Doenças renais crônicas;
- Mulher que deu à luz criança com mais de 4kg;
- Diabetes gestacional;
- Síndrome de ovários policísticos;
- Apneia do sono;
- Uso de medicamentos da classe dos glicocorticoides.
Diagnóstico do diabetes
Rastrear doenças crônicas como o diabetes em exames de análises clínicas de rotina é essencial para evitar ou controlar a doença ainda em seu estágio inicial.
Nesse contexto, são dois os exames indicados:
Glicemia: Realizado por meio de uma amostra de sangue, o exame mede o nível da glicose na circulação sanguínea do paciente. É necessário estar de 8 a 12 horas de jejum, sem consumir nenhum tipo de alimento ou bebidas, exceto água.
Hemoglobina Glicada: reflete a quantidade de açúcar presente na membrana das hemácias (Hemoglobina Glicolisada). A importância do acompanhamento da sua dosagem se deve ao fato de pacientes ainda com níveis de glicose normais poderem apresentar a Glicohemoglobina já alterada, permitindo que os hábitos de vida sejam mudados antecipadamente. A sua checagem no paciente com pré-diabetes ou com diagnóstico de diabetes deve ser feita em intervalos de três meses ou conforme orientação Médica.
Sintomas
Os principais sintomas do diabetes, de acordo com o Ministério da Saúde, são:
Tipo: 1
- Fome excessiva;
- Sede constante;
- Vontade de urinar diversas vezes ao dia;
- Perda de peso;
- Fraqueza;
- Fadiga;
- Mudanças de humor;
- Náusea e vômito.
Tipo: 2
- Fome frequente;
- Sede constante;
- Formigamento nos pés e mãos;
- Vontade de urinar diversas vezes;
- Infecções frequentes na bexiga, rins, pele e infecções de pele;
- Feridas que demoram para cicatrizar;
- Visão embaçada.
Complicações
O diabetes pode evoluir para várias complicações, favorecidas por fatores genéticos, baixo controle da taxa glicêmica e da pressão arterial. O Ministério da Saúde lista algumas delas:
Neuropatia Diabética
Os nervos periféricos carregam as informações que saem do cérebro e as que chegam até eles, além de sinais da medula espinhal para o resto do corpo. Os danos a esses nervos, condição chamada de neuropatia periférica, fazem com que esse mecanismo não funcione bem. A neuropatia pode afetar um único nervo, um grupo de nervos ou nervos no corpo inteiro. A doença costuma vir acompanhada da diminuição da energia, da mobilidade, da satisfação com a vida e do envolvimento com as atividades sociais. A neuropatia periférica é responsável por cerca de dois terços das amputações não-traumáticas (que não são causadas por acidentes e fatores externos).
Problemas arteriais e amputações
Muitas pessoas com diabetes têm a doença arterial, que reduz o fluxo sanguíneo para os pés. Além disso, pode haver redução de sensibilidade devido aos danos que a falta de controle da glicose causa aos nervos. Essas duas condições fazem com que seja mais fácil sofrer com úlceras e infecções, que podem levar à amputação.
Doença renal
O diabetes pode trazer danos aos rins, afetando sua capacidade de filtragem e ocasionar a liberação de proteínas na urina devido ao dano renal. A presença de pequenas quantidades de proteína na urina é chamada de microalbuminúria. Quando a doença renal é diagnosticada precocemente no paciente diabético através do exame de creatinina, é importante realizar o acompanhamento do exame de microalbuminúria, pois diversos tratamentos podem evitar a ocorrência da Doença Renal Crônica.
Pés diabéticos
São feridas que podem ocorrer nos pés das pessoas com diabetes e têm difícil cicatrização devido aos níveis elevados de açúcar no sangue e/ou circulação sanguínea deficiente. É uma das complicações mais comuns do diabetes mal controlado. Aproximadamente um quarto dos pacientes com diabetes desenvolve úlceras nos pés e 85% das amputações de membros inferiores ocorrem em pacientes com diabetes.
Glaucoma
Pessoas com diabetes têm 40% mais chance de desenvolver glaucoma, que é a pressão elevada nos olhos. Quanto mais tempo convivendo com a doença, maior o risco. Na maioria dos casos, a pressão alta nos olhos faz com que o sistema de drenagem do humor aquoso se torne mais lento, causando o acúmulo na câmara anterior. Isso comprime os vasos sanguíneos que transportam sangue para a retina e o nervo óptico e pode causar a perda gradual da visão.
Catarata
Pessoas com diabetes têm 60% mais chance de desenvolver a catarata, que acontece quando a lente clara do olho, o cristalino, fica opaca, bloqueando a luz. Quem tem diabetes sem controle costuma desenvolver a catarata mais cedo e a doença progride mais rápido.
Pele mais sensível
Muitas vezes, a pele dá os primeiros sinais de que você pode estar com diabetes. Ao mesmo tempo, as complicações associadas podem ser facilmente prevenidas. Quem tem diabetes tem mais chance de ter pele seca, coceira e infecções por fungos e/ou bactérias, uma vez que a hiperglicemia favorece a desidratação – a glicose em excesso rouba água do corpo.
A pele seca fica suscetível a rachaduras, que evoluem para feridas. Diabéticos têm a cicatrização dificultada (em razão da vascularização deficiente). Trata-se, portanto, de um círculo vicioso, cuja consequência mais severa é a amputação do membro afetado.
Prevenção
O Coordenador Regional do Laboratório Lustosa, João Campos, aponta medidas a serem adotadas para evitar a doença: “Tenha hábitos alimentares saudáveis, evite alimentos processados, industrializados, ricos em sal e açúcar. Realize atividade física regularmente. Conheça e controle seus números, como os níveis de glicose no sangue, G, Colesterol total, suas frações e os triglicérides, creatinina, pressão arterial e o índice de massa corporal – IMC”, orienta. Ele destaca ainda que para um efetivo controle do diabetes, a medida regular da glicemia deve ocorrer, além da realização periódica da Hemoglobina glicada que corrobora para o esclarecimento da manutenção dos níveis de glicose nos últimos 90 a 120 dias. É possível conviver com o Diabetes e manter os níveis de glicose sob controle mantendo hábitos de vida saudáveis e acompanhamento periódico com seu médico, para que sejam evitadas as complicações da doença.