Intolerância à lactose: causas, sintomas, diagnóstico e tratamento

9 fev, 2023 | Funcionamento Lustosa

Intolerância à lactose é um distúrbio digestivo associado à baixa ou nenhuma produção de lactase pelo intestino delgado. Os sintomas variam de acordo com a maior ou menor quantidade de leite e derivados ingeridos

Imagina saborear um queijo Minas delicioso, com um cafezinho, experimentar aquele doce de leite que só sua avó sabe fazer ou matar a vontade de tomar um chocolate quente assistindo ao seu filme preferido. São situações cotidianas simples e prazerosas, mas que, para muitos, podem se transformar em corridas intermináveis ao banheiro, diarreias, gases e dores abdominais insuportáveis. Esses problemas são provocados por causa da intolerância à lactose. Essa condição acomete pessoas de todas as faixas etárias, até mesmo os bebês.

Conforme a Sociedade Brasileira de Pediatria, as manifestações clínicas da intolerância à lactose são mais ou menos intensas dependendo da quantidade de lactose ingerida, trânsito intestinal, idade do paciente e expressão do gene responsável pela síntese de lactase. Os sintomas aparecem entre 30 minutos a 2 horas após a ingestão de laticínios. Os mais comuns são: inchaço abdominal, cólicas, gases, flatulência, diarreia, assaduras, náuseas, vômitos, cãibras e, algumas vezes, constipação intestinal. A seguir, aqui no O Lustosablog do Lustosa, você vai saber mais sobre a intolerância à lactose, qual a causa dela, como se manifesta, o que fazer para tratar e como se prevenir. Boa leitura!

O que é a intolerância à lactose?

Segundo o Gerente Técnico do Laboratório Lustosa, João Campos, a intolerância à lactose é o nome que se dá à incapacidade parcial ou completa do organismo em digerir o açúcar existente no leite e seus derivados. Ela ocorre quando o organismo não produz, ou produz em quantidade insuficiente, uma enzima digestiva chamada lactase, que quebra e decompõe a lactose, ou seja, o açúcar do leite.

“Como consequência, essa substância chega ao intestino inalterada. Ali, ela se acumula e é fermentada por bactérias que fabricam ácido lático e gases, promovem maior retenção de água e o aparecimento de diarreias e cólicas”, explica.

O problema costuma ser muito confundido com a alergia ao leite, mas são completamente diferentes. A alergia é uma reação imunológica adversa às proteínas do leite, que se manifesta após a ingestão de uma porção, por menor que seja, de leite ou derivados. A mais comum é a alergia ao leite de vaca, que pode provocar alterações no intestino, na pele e no sistema respiratório (tosse e bronquite, por exemplo).

Quais são as causas da intolerância à lactose?

De acordo com o Ministério da Saúde, as principais causas do problema são:

  1. deficiência congênita da enzima: a criança nasce com um defeito genético que impossibilita a produção da lactase;
  2. diminuição na produção da lactase em consequência de doenças intestinais;
  3. deficiência primária: ocorre diminuição da produção da lactase como consequência do envelhecimento.

Quais os tipos de intolerância à lactose?

Pesquisas mostram que 70% dos brasileiros apresentam algum grau de intolerância à lactose, que pode ser leve, moderado ou grave, segundo o tipo de deficiência apresentada.

A Sociedade Brasileira de Pediatria destaca três tipos diferentes de Intolerância à Lactose.

1)   Hipolactasia do “tipo adulto”

Ocorre na maioria da população mundial adulta, com incidência variável dependendo da localização e etnia. Apenas 2% apresentam sintomas graves de intolerância à lactose. No Brasil, estima-se que 40% das pessoas apresentam hipolactasia do “tipo adulto” que se inicia após os 3 anos de idade. Manifestações clínicas mais graves podem ser observadas nas pessoas mais velhas. A intolerância à lactose com hipolactasia do tipo adulto é uma doença de natureza genética e ocorre em pessoas com predisposição.

2)    Intolerância congênita à lactose

Muito rara, impede o aleitamento materno exclusivo e manifesta-se logo após o nascimento. O recém-nascido tem que ser alimentado com uma fórmula para lactentes sem lactose. Trata-se de uma doença genética muito rara, que pode ser detectada em exames de triagem neonatal pela técnica de NGS (sequenciamento de nova geração), em investigação direcionada para o gene LCT (gene que codifica a lactase) ou em painel multigênico.

3)    Intolerância secundária à lactose

Doença adquirida se deve a fatores externos que causam lesões ao intestino delgado. Ocorre deficiência temporária de lactase que após períodos de tempo variáveis retorna aos valores normais uma vez controlados os fatores desencadeantes. Diarreia causada por gastroenterite viral, giardíase, alergia ao leite bovino, doença celíaca e doença de Crohn são as principais. Também pode ocorrer em bebês prematuros, ainda incapazes de produzir lactase em quantidade suficiente.

Exames para diagnóstico da intolerância à lactose

Além da avaliação clínica, o diagnóstico de intolerância à lactose pode contar com exames específicos oferecidos pelo Laboratório Lustosa, sob orientação médica:

Teste de intolerância à lactose

Este é o teste mais comum, sendo realizado com exames de sangue para medição da glicose. O paciente mede sua glicose em jejum e, logo depois, recebe uma solução de lactose para ver como se dará a quebra desta no organismo. Caso a pessoa não seja intolerante, haverá um aumento de pelo menos 20 mg/dL na glicose, no período de 30 a 90 minutos. Isso quer dizer que a lactose foi absorvida adequadamente e a elevação é considerada normal.

Por outro lado, o paciente é considerado intolerante à lactose se a diferença entre o valor da maior glicemia e a glicemia de jejum for menor do que 20 mg/dL. Ou seja, significa que a lactose não foi absorvida pela digestão e os níveis de açúcar, portanto, não subiram, conforme exemplificado abaixo:

Um paciente apresentou 83 mg/dL de glicemia em jejum, por exemplo, e sua maior glicemia no período pós-ingestão de lactose foi aos 60 minutos, de 94 mg/dL. A diferença entre um e outro, portanto, foi de apenas 11 mg/dL – inferior ao valor de referência, que é 20 mg/dL. Ou seja, a “quebra” da lactose não ocorreu conforme o esperado, indicando deficiência de lactase no organismo. Então o teste é considerado positivo para intolerância à lactose.

Teste genético de tolerância à lactose

De acordo com Fernanda Soardi, assessora em Genômica, esse teste genético é indicado para investigar a suspeita de hipolactasia primária. Neste caso, é coletada uma única amostra de sangue para analisar o polimorfismo no gene MCM6, responsável pela regulação do gene LCT que produz a enzima lactase, que quebra e decompõe a lactose no organismo. Neste teste, não é necessária a ingestão de solução de lactose e é identificado se há uma deficiência primária. Indivíduos com o genótipo C/C (ausência do polimorfismo 13910C>T no gene MCM6) não produzem ou produzem lactase em baixa quantidade e, consequentemente, podem apresentar intolerância à lactose. Enquanto indivíduos com o genótipo C/T ou T/T (presença do polimorfismo 13910C>T no gene MCM6, em ao menos uma das cópias gênicas) produzem quantidades suficientes de lactase.

Teste da bochechinha

Segundo Gabriel Bretz, assessor de análises clínicas, a deficiência congênita da lactase (galactasia congênita) pode ser avaliada através do teste da bochechinha, teste de triagem neonatal que analisa mais de 340 genes associados a condições clínicas conhecidas. Esse teste é indicado para recém-nascidos ou crianças na primeira infância que ainda não manifestaram sintomas clínicos.

Painel genético para doenças tratáveis

Há, ainda, o painel genético para doenças tratáveis, que engloba a investigação de mais de 340 genes associados a condições clínicas conhecidas, entre elas a deficiência congênita da lactase (alactasia congênita). Esse exame, diferente do teste da bochechinha, é indicado para indivíduos que apresentam sintomas, independente da idade. Nesse caso não é um teste de triagem, mas um exame para auxiliar no diagnóstico clínico.

Os exames devem ser avaliados sempre pelo médico especialista, que vai conduzir o melhor tratamento em cada caso.

Como tratar a intolerância à lactose?

Importante esclarecer que a intolerância à lactose não é uma doença, mas sim uma carência do organismo. Nesse caso, o Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de Pediatria recomendam que o melhor tratamento consiste na redução da ingestão de lactose presente em laticínios. Saber se o alimento tem lactose e em qual teor é fundamental para o paciente. Para os casos mais graves, encontra-se leite e outros produtos com redução de 80% a 90% da lactose.

Segundo João Campos, gerente técnico do Lustosa, esses alimentos devem ser reintroduzidos aos poucos até identificar a quantidade máxima que o organismo suporta sem manifestar sintomas adversos. “Essa conduta terapêutica tem como objetivo manter a oferta de cálcio na alimentação, nutriente que, junto com a vitamina D, é indispensável para a formação de massa óssea saudável. Suplementos com lactase e leites modificados com baixo teor de lactose são úteis para manter o aporte de cálcio, quando a quantidade de leite ingerido for insuficiente”, pontua.

Também existem medicamentos com a enzima lactase para serem usados quando for preciso ingerir lactose em situações especiais. Esta enzima é encontrada em apresentações de pó, pílulas ou líquido e deve ser ingerida logo antes do alimento para a digestão da lactose.

Recomendações gerais

O médico Drauzio Varella faz as seguintes recomendações para as pessoas que sofrem de intolerância à lactose:

  • Na medida do possível, o leite não deve ser totalmente abolido da dieta;
  • É importante ler não só os rótulos dos alimentos para saber qual é a composição do produto, mas também a bula dos medicamentos, porque vários deles incluem lactose em sua fórmula;
  • Leite de soja, de arroz, de aveia não contém lactose;
  • Leite de vaca não entra como ingrediente do pão francês e do pão-de-ló;
  • Verduras de folhas verdes, como brócolis, couves, agrião, couve-flor, espinafre, assim como feijão, ervilhas, tofu, salmão, sardinha, mariscos, amêndoas, nozes, gergelim, certos temperos (manjericão, orégano, alecrim, salsa) e ovos também funcionam como fontes de cálcio;
  • Comer de tudo um pouco é a melhor forma de manter o suporte de nutrientes necessários para a saúde e bem-estar do organismo.

 

 

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