As mulheres vivem mais do que os homens, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A expectativa de vida deles é, em média, de 71 anos, enquanto delas, é de 78 anos. Com dupla ou, muitas vezes, tripla jornada, elas costumam, entretanto, ser mais vulneráveis a algumas doenças, como o câncer. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), no triênio 2023-2025, devem ser registrados, no Brasil, 704 mil novos casos de diferentes tipos de tumores. Destes, 50,5% devem acometer mulheres.
O tumor de mama é o de maior incidência no gênero feminino. Nos próximos três anos, devem ser diagnosticados, aproximadamente, 73 mil novos casos. Em seguida, os cânceres mais prevalentes na população feminina são cólon e reto, colo do útero, pulmão e tireoide.
Entre as mulheres, também vêm aumentando as doenças cardiovasculares, relacionadas a outros problemas como pressão alta, colesterol e estresse. Conforme dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia, o número de infartos entre mulheres de 50 a 69 anos teve um aumento de 176%, no período de 1990 a 2019. As mulheres costumam ainda sofrer mais com problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade.
Investir em autoconhecimento, fortalecer a autoestima, praticar atividades físicas e se alimentar de forma balanceada são medidas importantes na jornada da mulher em busca de mais saúde e bem-estar. O autocuidado envolve ainda realizar os exames de rotina, alguns específicos da condição feminina, e estar em dia com o cartão de vacinas.
Abaixo, listamos quais os principais cuidados que devem ser tomados em cada etapa da vida da mulher. Confira!
Práticas de autocuidado para mulheres na faixa dos 20 anos
No auge da beleza e da juventude, geralmente conciliando a vida profissional com a faculdade, as mulheres na faixa dos vinte anos devem-se dedicar aos cuidados com a saúde íntima, incluindo os exames ginecológicos de rotina para prevenção e detecção precoce do câncer ginecológico e uso regular de preservativos, nas relações sexuais, para evitar infecções sexualmente transmissíveis. Nas mulheres com vida sexual ativa é recomendado que seja realizado anualmente exames como HIV e Sífilis.
Nessa fase, um dos exames mais importantes é o Papanicolau (preventivo). Segundo o Ministério da Saúde, o exame serve para detectar lesões precursoras do câncer do colo do útero e da infecção por HPV (Papilomavírus humano). Indica ainda outras infecções que precisam ser tratadas.
Toda mulher que tem ou já teve vida sexual ativa deve submeter-se ao exame preventivo periódico, especialmente as que têm entre 25 e 59 anos. Inicialmente, ele deve ser feito anualmente. Após dois exames seguidos (com um intervalo de um ano) apresentando resultado normal, o preventivo pode passar a ser feito a cada três anos.
Fundamental ainda que a mulher já tenha se vacinado contra o HPV, que está associado a 95% dos casos de câncer de colo de útero. Hoje, no Laboratório Lustosa, está disponível a vacina HPV 9 Valente, que aumenta a proteção de mulheres e homens contra o Papilomavírus Humano. “Além de proteger contra os sorotipos 6, 11, 16 e 18, presentes na vacina que já era comercializada, a nova vacina imuniza também contra cinco outros sorotipos – 31, 33, 45, 52 e 58, aumentando significativamente a proteção contra o câncer de colo de útero”, afirma a Supervisora de Vacinas, Letícia Prates Morais
Segundo a biomédica Rúbia Costa, da assessoria médica do Lustosa, as mulheres nessa faixa etária que pretendem engravidar devem se atentar também para outras vacinas como Difteria e Tétano. Para mulheres não grávidas, são recomendas as vacinas contra o Sarampo e Rubéola.
“Caso apareçam sinais e sintomas que inspirem cuidados ou investigações mais específicas, também podem ser recomendados nessa faixa etária exames de checkup para detectar presença de dislipidemias, diabetes e anemias, através de exames de triagem como hemograma, colesterol total e frações, triglicérides, glicose, insulina e ferritina”, observa.
Além desses exames, se a mulher nessa faixa etária tiver histórico pessoal ou familiar de câncer ou outra condição que possa ter origem genética, exames como o painel para predisposição hereditária ao câncer, painel para porfirias, entre outros, podem ser indicados.
Autocuidado para mulheres na faixa dos 30 anos
Além de toda a rotina de autocuidado criada na segunda década de vida, entrar na casa dos 30 é um dos momentos mais importantes na vida da mulher. No auge da sua idade produtiva, normalmente é nesse período que ela inicia seu projeto de ser mãe. Por isso, é importante manter os exames ginecológicos em dia, verificar possíveis infecções urinárias e realizar um hemograma completo (com o objetivo de verificar as taxas de Glicemia, Colesterol, Triglicérides e Hepatites). Para aquelas que optaram pela maternidade, outra série de exames é recomendada. Veja os principais:
• Tipagem sanguínea / Fator RH (quando o homem tem o fator Rh positivo e a esposa tem o fator Rh negativo, pode haver incompatibilidade da mãe com o bebê)
• Reação sorológica para a sífilis (para evitar a sífilis congênita ou transmitida da mãe para o filho)
• Sorologias para hepatite B e C (podem ser usadas vacinas para a prevenção e avaliação por especialista e tratamento nos casos de confirmação de doença)
• Cariótipo (pode ser informativo para o casal com dificuldade para gerar um bebê. É indicado para mulheres que sofreram abortos naturais e para casais que gostariam de fazer um planejamento familiar ou tiveram filhos/parentes com alterações cromossômicas)
• Papanicolau (para prevenção do câncer do colo do útero)
• Ultrassonografia pélvica (avalia o útero e os ovários, mostrando informações sobre possíveis cistos nos ovários ou miomas que podem atrapalhar uma futura gravidez)
• Rubéola (contraída pela mulher nos primeiros meses de gravidez, a doença provoca lesões graves no filho. Pode-se fazer a vacina preventiva antes do casamento ou de a mulher engravidar)
• Toxoplasmose (provoca problemas como cegueira e má-formação cerebral em qualquer fase da gestação).
• Citomegalovírus (pode ser transmitido para o feto, causando graves problemas mentais)
Considerando a concepção, são recomendados, ainda, exames genéticos e genômicos que permitem avaliar os riscos de um casal gerar um filho com uma doença rara ou outros problemas. Mulheres com histórico pessoal que levante suspeita para condições genéticas ou que apresentem abortos recorrentes, podem realizar exames para alterações específicas, como genotipagem do gene KIR, entre outros.
Infertilidade
Quando o casal não consegue engravidar, a lista de exames se torna ainda maior. No caso de Fertilização in Vitro (FIV), são normalmente solicitados análise seminal, dosagens hormonais para avaliar reserva ovariana, sorologias, ultrassom, histeroscopia e até histerossalpingografia, para avaliar a cavidade uterina.
Gravidez
Diversos exames e vacinas são recomendados para assegurar a saúde de mãe e bebê, durante o acompanhamento pré-natal. Alguns deles:
- Ecocardiografia fetal tridimensional
- Ultrassonografia de 1º trimestre:
- Ultrassonografia obstétrica de 2º e 3º trimestres:
- Ultrassonografia obstétrica com dopplervelocimetria
- Ultrassonografia morfológica de 1o trimestre:
- Ultrassom morfológico do 2o trimestre
- Ultrassonografia de colo uterino
- Ultrassonografia tridimensional 3d
- Hemograma ⟹ Anemia (ferropriva)
- Glicemia ⟹ Diabetes Gestacional
Autocuidado para mulheres na faixa dos 40 anos
Chegar aos 40 é motivo de orgulho. Mais maduras, mais dedicadas à aparência e menos suscetíveis às cobranças sociais, as mulheres dessa faixa etária reforçam as medidas de autocuidado. Estão mais focadas na adoção de hábitos saudáveis, como atividades físicas, dieta equilibrada e meditação. Tudo isso sem descuidar dos exames de rotina. A partir dessa faixa etária, a Sociedade Brasileira de Mastologia recomenda a realização da mamografia, essencial para rastrear o câncer de mama, o de maior incidência, no Brasil, no gênero feminino. Para as mulheres com histórico familiar da doença, a idade ideal é 35 anos. Recomenda-se ainda exames indicativos de problemas cardiovasculares. Entre eles, destacam-se:
Perfil Lipídico
O exame, disponível no Laboratório Lustosa, mede as taxas de colesterol LDL, HDL, VLDL e dos Triglicérides. Em níveis elevados, essas substâncias podem indicar risco elevado de doenças cardíacas, como infarto, Acidente Vascular Cerebral (AVC) e Trombose Venosa.
Tireoide
A glândula tireoide está relacionada a doenças como câncer, hipotireoidismo e hipertireoidismo. A investigação das doenças tireoidianas pode começar pelos exames laboratoriais, a partir da coleta de sangue. Nesse procedimento, destacam-se os testes de TSH e os hormônios ativos T4 e T3 livres, que podem definir se a tireoide está funcionando adequadamente. Para estabelecer as causas do mau funcionamento da tireoide, podem ser dosados os anticorpos direcionados a ela (anti-TPO, anti-tireoglobulina, TRAB e TSI).
Recomenda-se realizar ainda um ultrassom de tireoide, exame de imagem essencial para o diagnóstico dos nódulos tireoidianos, que costumam surgir, em tamanhos muito pequenos, na região do pescoço. Importante destacar que o câncer na tireoide é três vezes mais frequente no sexo feminino. Embora sem causa determinada, alguns estudos apontam que fatores hormonais e alimentares estão ligados ao desenvolvimento deste tumor.
Investigação de tumores ginecológicos
A realização periódica de exames de imagem para investigar tumores no aparelho reprodutor feminino.
Práticas de autocuidado para mulheres a partir dos 50 anos
A partir dos 50 anos, normalmente, a mulher entra numa das fases mais desafiadoras: a menopausa, marcada pelo fim do ciclo menstrual e alterações hormonais, acompanhadas por sintomas como fadiga, irritabilidade, ondas de calor, ganho de peso, perda da libido e ressecamento vaginal, entre outros. A fase está associada ao aumento dos riscos para o desenvolvimento de diferentes tipos de câncer e problemas cardiovasculares.
Por isso, é importante manter uma rotina de consultas médicas e exames. Veja os mais importantes:
Mamografia
Conforme o Ministério da Saúde, a partir dos 50 anos até os 69 anos, a mamografia deve ser feita, obrigatoriamente, de dois em dois anos, para investigar tumores de mama, em pacientes assintomáticas. Nas mulheres com sinais de câncer de mama, como caroços endurecidos, fixos e sem dor, porém, a mamografia pode ser realizada em qualquer faixa etária com indicação médica. Mulheres com histórico familiar de câncer de mama ou de ovário também devem fazer a mamografia em qualquer idade, com ou sem sintomas.
Exames de sangue
Os exames de sangue são fundamentais para medir taxas de colesterol e triglicérides. Normalmente, segundo o Ministério da Saúde, o LDL, ou colesterol ruim, aumenta nessa faixa etária, elevando os riscos de doenças cardiovasculares. Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, o percentual de infartos de mulheres entre 50 a 69 anos, em 20 anos (de 1999 a 2019) teve um aumento de 176%. Cansaço extremo, estresse e desconhecimento dos sintomas, que se assemelham a crise de ansiedade, fazem com que elas estejam mais vulneráveis ao problema.
Densitometria Óssea
O exame é indicado para avaliar a perda óssea, ou osteoporose, que costuma se acelerar durante a menopausa.
Papanicolau/Preventivo
Avalia a saúde do colo do útero, rastreando a presença de lesões (suspeita de câncer), atrofia na mucosa e alterações no pH vaginal.
Exames de Imagem (ultrassom endovaginal ou transvaginal)
São indicados para rastrear pólipos, miomas e suspeitas de câncer, como de endométrio.
Exames para avaliar a saúde do coração
Paras as mulheres, sobretudo a partir dos 50 anos, recomenda-se a realização de um check-up cardiológico, com a realização de eletrocardiograma, ecocardiograma, cintilografia e cateterismo (se necessário) para avaliarem a saúde do coração.
Colonoscopia
Nesta fase, outro exame essencial é a colonoscopia, indicado para a prevenção do câncer colorretal.
O impacto do autocuidado na saúde mental
Preocupadas com as demandas profissionais, sem abrir mão dos papéis de mãe, esposa e filha, e ainda cobradas para que se enquadrem em padrões estéticos, as mulheres são mais atingidas do que os homens por problemas da saúde mental, como depressão e ansiedade. Para evitá-los, o segredo é investir no autocuidado. Dedicar tempo à prática de exercícios e atividades como meditação auxiliam na redução dos níveis de cortisol (hormônio do estresse), contribuindo para uma sensação de relaxamento e bem-estar.
A busca por autoconhecimento e equilíbrio também impactam a saúde mental e emocional. Conhecer a si mesma e aprender a lidar com suas próprias emoções levam ao aumento da autoestima e do empoderamento.
Nutrição e atividade física para a saúde da mulher
Um dos problemas que mais atinge a saúde da mulher é a obesidade, que pode provocar doenças cardiovasculares e infertilidade. Segundo Pesquisa Nacional de Saúde, realizada em 2022, 62,6% das mulheres brasileiras estavam obesas ou com excesso de peso. Nos homens, esse índice foi de 57,5%.
Para combater o problema, a Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição destaca a importância do controle do peso, com a adoção de uma alimentação saudável, rica em fibras, pobre em gorduras e açúcares.
Quanto à importância da nutrição, a entidade ainda lista uma série de vitaminas que são essenciais para a saúde da mulher. Veja:
- Vitamina A: está ligada às atividades fisiológicas do processo visual e possui uma função muito importante no sistema imunológico e na integridade do epitélio. Ainda possui papel de regular, modular o crescimento e a diferenciação celular. Por neutralizar radicais livres no organismo, impede que as células de gordura sejam oxidadas e, assim, auxilia o controle dos níveis de colesterol e triglicerídeos no sangue.
- Vitamina D: age no transporte de cálcio e da matriz óssea, no aumento da diferenciação celular, influenciando na reabsorção óssea, ajudando a fortalecer os ossos. Também tem propriedades imunomoduladoras,que podem ajudar nas respostas a infecções.
- Vitamina E: tem ação antioxidante e possui propriedades anti-inflamatórias, que ajudam no sistema imunológico, no cabelo, na pele e auxilia na prevenção de doenças, como aterosclerose e Alzheimer.
- Vitamina K: atua no processo de coagulação sanguínea, evitando hemorragias, estimulando a fixação do cálcio nos ossos, ajudando na prevenção da osteoporose.
- Vitamina C: age como antioxidante, estimula a absorção do ferro nos alimentos, auxilia no combate à anemia e fortalece o sistema imunológico.
- Vitamina B1: conhecida como tiamina, é essencial em vários processos metabólicos, como na transformação dos alimentos em energia. É importante também para o funcionamento e crescimento das células no organismo e da condução dos impulsos nervosos.
- Vitamina B2: possui atividade antioxidante, estimula a produção de sangue e ajuda a manter o metabolismo equilibrado. Também ajuda no desenvolvimento e crescimento de crianças e na prevenção de doenças, auxiliando na saúde da pele e da boca.
- Vitamina B6: participa de várias reações do metabolismo relacionadas, principalmente, às enzimas e aos aminoácidos, participando da regulação de processos químicos do corpo. Também auxilia nas reações de desenvolvimento e funcionamento do sistema nervoso, por meio da proteção dos neurônios e produção de neurotransmissores.
- Vitamina B9 (ácido fólico): tem participação em muitas funções no organismo, sendo a formação de células responsáveis pelo crescimento e desenvolvimento humano a principal atividade. Além disso, é muito importante para a saúde do cérebro, das artérias e do sistema imunológico. É essencial para mulheres em geral, sobretudo, para as que estão em idade fértil, pois atua na formação do tubo neural, que ocorre nas primeiras semanas de gestação.
- Vitamina B12: é fundamental na síntese de DNA, RNA, mielina e formação de glóbulos vermelhos. Participa do processo de metabolismo dos lipídios e a metionina sintetase, que controla dois processos importantes: síntese dos ácidos nucleicos e reações de metilação do organismo. Sua deficiência pode causar anemia megaloblástica e neuropatia.