HIV / AIDS: Exames laboratoriais permitem diagnóstico assertivo

28 dez, 2023 | Funcionamento Lustosa

Mais de um milhão de pessoas vivem com o HIV/Aids (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), no Brasil, segundo relatório divulgado pelo Ministério da Saúde em dezembro de 2023. Conforme o documento, 30 brasileiros morreram por dia em decorrência da Aids, em 2022, o que dá um total de 10.994 mortes. O número é 8,5% menor do que os óbitos registrados em 2012.

Os dados revelam, por um lado, que o combate à Infecção no país alcançou avanços significativos. Não à toa, o Brasil se tornou referência mundial no enfrentamento ao HIV/Aids. Isso devido às políticas de vigilância, prevenção, controle e novos tratamentos.

Por outro, vale destacar que a doença continua sendo um sério problema de saúde pública, demandando a continuidade e o fortalecimento das políticas públicas para combatê-la.

Para o Coordenador de Produção do Laboratório Lustosa, João Campos, entre os fatores que contribuíram para o combate à doença está a ampliação dos testes laboratoriais, realizados nos laboratórios de análises clínicas, como no Lustosa. Eles permitem que o diagnóstico seja feito precocemente, o que possibilita o encaminhamento do paciente o quanto antes para o tratamento adequado. “As mães com HIV, por exemplo, têm 99% de chances de ter um filho sem o vírus, desde que façam o tratamento recomendado durante o pré-natal, parto e pós-parto”, explica o especialista.

Mas, afinal, qual a diferença entre os testes rápidos, feitos normalmente em farmácias, e os exames laboratoriais para HIV?

Exames laboratoriais x testes rápidos para detecção do HIV

Realizados por meio de amostra de sangue, os testes laboratoriais rastreiam anticorpos contra o HIV no material coletado. Segundo João Campos, esses exames são altamente eficazes, com pequenas chances de apresentarem resultados contraditórios, como falso-positivo ou falso-negativo.

Já os testes rápidos para HIV são considerados exames de triagem, ou seja, são indicativos para que outros procedimentos sejam feitos, para o diagnóstico mais preciso da doença. “Caso esses procedimentos apontem para a presença da infecção pelo HIV, por exemplo, a primeira conduta dos profissionais de saúde é encaminhar o paciente para novos exames laboratoriais, mais específicos e confirmatórios”, reforça.

De acordo com João Campos, os exames laboratoriais devem ser feitos periodicamente por todas as pessoas com vida sexual ativa. “Hoje se recomenda, inclusive, que pessoas com idades entre 15 e 65 anos realizem rotineiramente a sorologia para HIV, tendo ou não os sintomas da doença”, conclui.

Como o HIV é transmitido?

Segundo o Ministério da Saúde, o HIV é transmitido nas seguintes hipóteses.

  • Sexo vaginal sem camisinha;
  • Sexo anal sem camisinha;
  • Sexo oral sem camisinha;
  • Uso de seringa por mais de uma pessoa;
  • Da mãe infectada para seu filho durante a gravidez, no parto e na amamentação;
  • Instrumentos que furam ou cortam não esterilizados.

É importante quebrar mitos e tabus, esclarecendo que a pessoa NÃO se infecta por HIV das seguintes maneiras:

  • Sexo, desde que se use corretamente a camisinha;
  • Masturbação a dois;
  • Beijo no rosto ou na boca;
  • Suor e lágrimas;
  • Picada de inseto;
  • Aperto de mão ou abraço;
  • Sabonete / toalha / lençóis;
  • Talheres/copos;
  • Assento de ônibus;
  • Piscina;
  • Banheiro;
  • Doação de sangue
  • Pelo ar.

Qual a diferença entre HIV x AIDS?

O Ministério da Saúde esclarece que o HIV é um retrovírus, classificado na subfamília dos Lentiviridae. Esses vírus compartilham algumas propriedades comuns: período de incubação prolongado antes do surgimento dos sintomas da doença, infecção das células do sangue e do sistema nervoso e supressão do sistema imune. Por tais características, há muitos soropositivos que vivem anos sem apresentar sintomas e sem desenvolver a doença. Mas podem transmitir o vírus a outras pessoas.

Quando ocorre a infecção, o organismo começa a ser atacado. Conforme informações do Ministério da Saúde, esta fase é marcada pela forte interação entre as células de defesa e as constantes e rápidas mutações do vírus. Mas isso não enfraquece o organismo o suficiente para permitir novas doenças, pois os vírus amadurecem e morrem de forma equilibrada. Esse período, que pode durar muitos anos, e o paciente não apresenta sintomas.

Com o frequente ataque, as células de defesa começam a funcionar com menos eficiência até serem destruídas. O organismo fica cada vez mais fraco e vulnerável a infecções comuns. A fase sintomática inicial é caracterizada pela alta redução dos linfócitos T CD4+ (glóbulos brancos do sistema imunológico) que chegam a ficar abaixo de 200 unidades por mm³ de sangue. Em adultos saudáveis, esse valor varia entre 800 a 1.200 unidades. Os sintomas mais comuns nessa fase são: febre, diarreia, suores noturnos e emagrecimento.

A baixa imunidade permite o aparecimento de doenças oportunistas, que recebem esse nome por se aproveitarem da fraqueza do organismo. Com isso, atinge-se o estágio mais avançado da doença, a Aids. Quem chega a essa fase, por não saber da sua infecção ou não seguir o tratamento indicado pela equipe de saúde, pode sofrer de hepatites virais, tuberculose, pneumonia, toxoplasmose e alguns tipos de câncer.

Quais as formas de prevenção?


O meio mais simples e acessível de prevenção ao HIV é o uso de preservativos masculino e feminino em todas as relações sexuais.

Avanços

O Brasil comemora, em 2023, 40 anos de enfrentamento ao HIV/Aids, entre avanços significativos e preocupações. Para começar, receber, hoje, o diagnóstico de contaminação pelo vírus não representa mais uma sentença de morte, como no passado. Com o avanço dos tratamentos, que incluem medicamentos modernos, a doença está sob controle. Conforme especialistas da Saúde, atualmente, a expectativa de vida de um portador do HIV é a mesma de uma pessoa que não tem o vírus.

“Cerca de 92% dos brasileiros diagnosticados precocemente, por meio de exames de sangue, e tratados corretamente atingem níveis ‘indetectáveis’ do vírus. A pessoa nesse estado há pelo menos seis meses, e com boa adesão ao tratamento, tem o risco de transmitir o vírus por via sexual reduzido a um nível insignificante e consegue manter uma boa qualidade de vida sem manifestar os sintomas da AIDS”, ressalta o Coordenador do Lustosa.

Esforços mundiais

Em relatório divulgado recentemente, a UNAIDS (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS) listou alguns passos fundamentais para se alcançar a meta global: acabar com a AIDS até 2030: serviços liderados e centrados nas comunidades; a defesa dos direitos humanos, a eliminação de leis punitivas e discriminatórias e o combate ao estigma e à discriminação; o empoderamento de meninas e mulheres; igualdade de acesso aos serviços de prevenção, diagnóstico e tratamento, incluindo às novas tecnologias de saúde; e serviços de saúde, educação e proteção social para todas as pessoas, especialmente as afetadas ou vivendo com HIV e AIDS em situação de maior vulnerabilidade.

 

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