Passar a vida sem uma micose nas unhas é algo raro de acontecer. Essas manchas brancas, amarelas ou até negras, podem parecer inofensivas, mas merecem cuidados. Afinal, elas expõem o nosso corpo a outros microrganismos, que podem se aproveitar o ambiente “desprotegido” e causar outras doenças.
O aspecto das unhas é um grande indicador da presença de micose. No entanto, só o exame laboratorial pode confirmar o diagnóstico e indicar o tratamento adequado.
Para o fungo causador da micose, existem dois exames laboratoriais básicos, que são o exame micológico direto e a cultura para fungos. No exame micológico direto, é possível ver, através do microscópio, se existe realmente um fungo naquela unha. Já na cultura para fungos, é propiciado o crescimento do fungo para fazer a identificação do tipo específico de fungo.
De acordo com o nosso coordenador de microbiologia, Hyllo Baeta, tais exames ajudam a direcionar o tratamento. Isso porque, apesar de ser muito comum, a micose nas unhas é muito difícil de ser tratada com sucesso. “Normalmente, o tratamento, quando correto, tem uma efetividade de cura em torno de 50 a 60% dos pacientes. Se não houver o tratamento com a droga certa, a chance de cura cai ainda mais”, ressalta. Hyllo alerta, ainda, que os medicamentos para a doença geralmente são hepatotóxicos, ou seja, podem afetar o fígado, além de serem caros. Por isso, é importante não se automedicar.
O tratamento pode ser realizado usando medicamentos orais e tópicos, aplicados no local. Segundo o especialista, cremes, pomadas e loções não são úteis para o tratamento das unhas, pois não atingem bem o local onde está o fungo. Muito menos tratamentos alternativos como passar “Pinho Sol”, gasolina ou creolina. “Isso nada mais faz do que agredir a unha, favorecendo e aumentando as chances de penetração e a instalação do fungo”, comenta.
Como identificar e prevenir
De acordo com Hyllo, quando há micose, a unha pode ficar esbranquiçada, amarelada, escura, grossa, frágil, ficar torta ou descamar. Nas mãos, a micose está relacionada normalmente ao manuseio de água, sabão e produtos químicos de limpeza, que causam fissuras nas unhas e permitem a invasão pelos fungos. Já nos pés, o principal fator de risco é o contato com ambientes contaminados (sapatos, pisos, solo). Os fungos permanecem viáveis no ambiente, em média, por até um ano.
“As infecções de unha causadas por Candida não são contagiosas de uma pessoa para outra, são fungos comuns que encontram um ambiente propício. Já as micoses causadas por dermatófitos podem contaminar indiretamente outras pessoas. Estes fungos sobrevivem no esmalte, na lixa de unhas, na toalha, no sapato. Ao lavar a roupa, você vai ter um fungo macio e cheiroso, mas vivo. Se você usa a máquina de lavar, o fungo fica lá e pode ser transmitido para os outros familiares. O que é preciso fazer é passar bem a toalha. Somente a alta temperatura do ferro é capaz de matar o fungo”, ensina.
Outra dica para evitar a transmissão é não usar o mesmo calçado todos os dias, deixando-o ao sol de vez em quando. Quanto mais seco, menor é o crescimento de fungos dentro dele. Além disso, Hyllo aconselha borrifar desinfetante (Lysoform) dentro dos sapatos com frequência, enxugar bem os pés e usar luvas, pois elas auxiliam a preservar as mãos de lesões e fissuras durante o serviço de limpeza.