Micoses de unhas são causadas por fungos identificáveis por meio de exames laboratoriais
Unhas esbranquiçadas, amareladas ou negras, frágeis e quebradiças, com espessura aumentada e mau cheiro vão muito além de problemas estéticos. São sinais de uma doença séria: a onicomicose. Conhecida como “micose de unhas”, a onicomicose é uma infecção causada por fungos que utilizam a queratina das unhas para seu crescimento. Geralmente é desprezada, mas, embora pareça simples, ela pode resultar em infecções que podem preocupar.
Segundo o Assessor de Microbiologia do Laboratório Lustosa, Hyllo Baeta, a onicomicose pode abrir portas de entrada no corpo a outros microrganismos, que podem causar outras infecções. “Quando temos uma onicomicose, nós temos um patógeno (fungo) capaz de infectar outras áreas queratinizadas do nosso corpo e podem abrir portas de entrada, favorecendo a penetração de bactérias que podem causar infecções bacterianas como a erisipela, por exemplo”, explica.
A doença pode afetar as unhas das mãos e dos pés. Os agentes causadores, no entanto, conforme o especialista, são diferentes. “Os fungos que causam micoses nas unhas dos pés geralmente não são os mesmos que causam micoses nas unhas das mãos. Nos pés, nós temos principalmente fungos filamentosos, pertencentes a um grupo denominado dermatófitos. Nas mãos, a predominância é de leveduras, como a Candida. Clinicamente, eles podem parecer iguais. A grande diferença está nos fatores predisponentes e no tratamento “, ressalta o microbiologista.
Atenção às mãos
Nas mãos, pode acontecer um tipo de micose de unhas, chamada de “paroníqua”. Esse tipo de infecção, conhecida como “unheiro” ou “mão de lavadeira”, é causada pela Candida, fungo oportunista, que leva a um processo inflamatório próximo à cutícula.
Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia, inicialmente há uma inflamação, com dor e vermelhidão ao redor da unha, que, por sua vez, leva à perda da cutícula. Começa a ocorrer uma alteração no formato da unha que passa a crescer ondulada e com alterações na superfície e na cor.
Essa inflamação da pele ao redor da unha, ou seja, do tecido periungueal, pode ser provocada por fungos e bactérias, mas a principal causa é a umidade constante da mão.
Exames laboratoriais para micose de unhas
Embora os sinais sejam sugestivos, a micose de unhas deve ser confirmada por exames laboratoriais. Segundo Hyllo Baeta, o diagnóstico da doença é feito através de dois exames, o micológico direto e a cultura para fungos, ambos disponibilizados no Laboratório Lustosa.
“No caso da cultura de fungos, é feita uma raspagem da unha para identificação de qual o microrganismo é causador da infecção. O material coletado é semeado em meios apropriados para favorecer o crescimento do fungo. Fazemos também o exame micológico direto, baseado na visualização das estruturas fúngicas no material coletado. Esses exames são importantes indicar os tratamentos mais adequados”, observa.
Micose de unhas: contágio e prevenção
As onicomicoses (micose de unhas) causadas pelos dermatófitos são contagiosas. Conforme Hyllo Baeta, a doença pode ser transmissível de indivíduo para indivíduo e também através do contato com materiais e ambiente contaminados. Ele observa que os fungos causadores das onicomicoses podem sobreviver no ambiente por aproximadamente um ano. Assim, eles podem sobreviver no esmalte, na lixa de unhas, na toalha, nas meias e no sapato.
“Ao lavar a roupa, por exemplo, você não mata o fungo. Se você usa a máquina de lavar, o fungo fica lá e pode ser transmitido para os outros familiares. O que é preciso fazer é passar as roupas. Somente a alta temperatura do ferro é capaz de matar o fungo”, ensina
Outra dica para evitar a transmissão é não usar o mesmo calçado todos os dias, deixando-o ao sol de vez em quando. Quanto mais seco, menor é o crescimento fúngico dentro dele. Além disso, Hyllo aconselha borrifar desinfetante (Lysoform) ou pó com antifúngico dentro dos sapatos com frequência. “É importante também usar chinelos nos banheiros desconhecidos e não usar meias e calçados de outras pessoas”, complementa. Usar luvas também auxilia a preservar as mãos de lesões e fissuras durante o serviço de limpeza.
O Ministério da Saúde reforça as medidas preventivas. Entre elas, secar bem os pés e os dedos, evitar o contato prolongado com água e sabão, não andar descalço em pisos constantemente úmidos, usar somente material próprio ou esterilizado na manicure e optar por calçados abertos e ventilados.
Tratamento para micose de unhas
Segundo o Ministério da Saúde (Biblioteca Virtual), as onicomicoses são de difícil tratamento, podendo, em diversas situações, ser necessário manter a medicação por mais de um ano.
Conforme a Sociedade Brasileira de Dermatologia, os tratamentos podem ser de uso local, sob a forma de cremes, soluções ou esmaltes. Mas, em casos de acometimentos superiores a 30% de uma unha ou várias unhas acometidas ao mesmo tempo é necessário tratamento via oral também.
A SBD ainda recomenda que o tratamento seja feito por um dermatologista e não deve ser interrompido antes do tempo estipulado pelo profissional. Isso porque a unha pode, aparentemente, melhorar, mas a infecção ainda estar presente.
Soluções caseiras não resolvem
O coordenador de Microbiologia do Laboratório Lustosa, Hyllo Baeta, alerta para os tratamentos alternativos. “Evite tratamentos caseiros e indicações de profissionais não médicos para tratar qualquer lesão ungueal ou periungueal. Isso nada mais faz do que agredir a unha, favorecendo e aumentando as chances de penetração e a instalação do fungo”, comenta.
