Causada pelo mesmo vírus da catapora, a doença pode ser evitada com a vacinação, disponível apenas na rede privada
Você já ouviu falar em Herpes Zóster? A princípio, o nome pode soar estranho. Mas trata-se do popularmente conhecido “cobreiro”. Embora pareça simples, a doença, que se manifesta com a erupção de bolhas na pele, pode apresentar complicações e evoluir para casos mais graves.
A Herpes Zóster acomete, em sua grande maioria, os mais velhos, mas os jovens também correm risco. A doença está ligada à baixa na imunidade, associada a vários fatores. A melhor medida para evitá-la é se prevenir, através da vacinação, disponível apenas na rede privada. A seguir, saiba o que é a Herpes Zóster, suas causas, sintomas e tratamentos.
Herpes Zóster ou cobreiro
A Herpes Zóster é uma doença infecciosa, causada pelo vírus varicela-zóster, o mesmo causador da catapora, e pode ficar alojado, por anos, nas terminações nervosas do indivíduo que já sofreu de catapora. Após sua reativação, o vírus da varicela se desloca pelos nervos periféricos até alcançar a pele, causando as erupções características, na forma de vesículas ou bolhas.
Pelo fato de a Herpes Zóster não ser de notificação obrigatória na rede pública, faltam números precisos sobre a doença. Mas, segundo um dos poucos estudos epidemiológicos realizados sobre o problema no Brasil, em 2021, 95% dos adultos já haviam sido expostos ao vírus da varicela-zóster, e por volta de 30% desses, ou seja, uma a cada seis pessoas desenvolverá a doença.
Sintomas e Tratamento
Os primeiros sintomas do Herpes Zóster são formigamentos e dor no local onde vão aparecer as lesões e, em alguns casos, febre baixa no primeiro dia. Depois começa a aparecer vermelhidão no local afetado e, só então, eclodem as vesículas contendo o vírus. As vesículas, na maioria dos casos, são brandas e não progressivas, apesar de extremamente dolorosas.
Segundo informações do Ministério da Saúde, os sintomas podem se agravar e resultar em complicações como ataxia cerebelar , infecções bacterianas secundárias, problemas neurológicos como paralisia facial (se acomete o nervo facial), surdez (quando acomete o nervo auditivo) ou cegueira (se acometer o nervo oculomotor). Mas a sequela mais severa é a neuralgia pós-herpética, responsável por uma dor crônica, muito intensa, de difícil controle e extremamente debilitante, que pode perdurar por anos.
O diagnóstico é realizado principalmente por meio do quadro clínico-epidemiológico. E o tratamento geralmente é feito por meio de antivirais e analgésicos, que devem ser prescritos, obrigatoriamente, por um médico.
Herpes Zóster, idade e estresse
Podendo ficar por anos no organismo de quem já teve catapora, o vírus varicela-zóster pode ser reativado a qualquer momento. Mas o que leva a isso? Segundo a responsável técnica de vacinas do Laboratório Lustosa, Marta Moura, a explicação mais recorrente é a queda na imunidade.
“Pessoas com mais de 50 anos que tiveram catapora na infância são as mais propensas a desenvolver a Herpes Zóster. Nessa faixa etária, pode ocorrer fisiologicamente uma baixa do sistema imunológico e, por ser uma doença oportunista, é o momento que ela se dissemina”, explica Marta.
A especialista ressalta, no entanto, que os mais jovens também correm riscos. Um dos maiores fatores ligados à doença nesse público é o estresse. “A vida corrida, que, sobretudo, os mais novos levam, contribui para o aumento do cortisol, o hormônio do estresse. Isso tem ação imunodepressora, deixando o organismo mais vulnerável a infecções, o que acaba sendo um terreno fértil para a proliferação da Herpes Zóster”, diz Marta Moura.
Ela ainda destaca outros fatores que interferem na imunidade, que, por sua vez, influenciam no aparecimento do vírus varicela-zóster, como as infecções virais, como a covid 19, doenças crônicas, uso de determinados medicamentos (quimioterápicos e corticoides), imunossupressão (doenças como a Aids) e presença de tumores.
É possível prevenir a Herpes Zóster?
Não há medicamentos preventivos para Herpes Zóster e a melhor forma de evitá-la é com a vacinação. De acordo com a Sociedade Brasileira de Imunização (SBIM), temos hoje duas vacinas disponíveis contra Herpes Zóster, a Zostavax, de vírus vivos atenuados, que é indicada para adultos imunocompetentes acima de 50 anos, reduzindo o risco de ocorrência da doença em cerca de 68 %. E a Shingrix, que foi licenciada em 2022 no Brasil. É uma vacina inativada, sua indicação é a partir dos 18 anos para pessoas suscetíveis a doença e adultos com 50 anos ou mais, tem o percentual de proteção em torno de 90% e pode ser usada independente de histórico de varicela ou vacinação contra a doença.
A responsável técnica de vacinas do Lustosa, Marta Moura, explica que o imunizante contra Herpes Zóster é o mesmo aplicado nas crianças para prevenir a catapora, porém com uma concentração maior. “As vacinas dentro de suas indicações, estão licenciadas para pessoas a partir dos 18 anos, além de ser recomendada como rotina para maiores de 60 anos de idade. Cada uma das vacinas tem suas contraindicações, e em comum, elas são contraindicadas para pessoas que apresentam alergia grave (anafilaxia) a qualquer componente das vacinas. A vacinação é o meio mais eficaz para a prevenção da doença, protege contra as formas graves, evitando sequelas ou comprometimentos indesejáveis”, diz Marta.
A Herpes Zóster é contagiosa?
Uma preocupação recorrente é se a doença é contagiosa. De acordo com Marta Moura, deve ficar claro, em primeiro lugar, que a Herpes Zóster irá se desenvolver apenas em pacientes que já tiveram catapora. No entanto, as lesões são altamente contagiosas, mas apenas entre pessoas que nunca tiveram catapora. “Neste caso, quando entram em contato com o vírus varicela-zóster elas irão desenvolver a catapora e não a Herpes Zóster”, reforça Marta.
Vacinas Disponíveis:
Vacinas | Indicação | Doses | Eficácia | Composição |
Zostavax | A partir 50 anos | única | Em torno de 68% | Atenuada |
Shingrix | A partir 18 anos | 2 doses | Em torno de 90% | Inativada |
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